quarta-feira, 9 de agosto de 2017

No ar

Quase dois anos depois resolvi bloggar.
Saí do Facebook e uma escola deseja saber sobre mim.
Sempre acho isso engraçado. Isso de quererem saber sobre mim.
Sim, eu também quis (e quero) saber sobre meus autores preferidos, mas em se tratando de mim acho graça. Sobre mim?!
Pois é.
O mundo das letras tem disso também.
Lá vou eu escrever de novo neste diário virtual.
Mas logo agora, agorinha, os cachrrinhos começam a latir, daí... COmo escrever com juízo?
outra hora.
Com silêncio.
Talvez.
 

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

quarta-feira, 17 de junho de 2015

Sobre formigas e caminhos



Amo formigas.
Mas já matei várias por querer.
Eu e meus irmãos menores brincávamos de fazer sepultamento de formiga, atrás da Igrejinho de Nossa Senhora de Belém, num bairrp chamado Parque Felicidade.
Deveria ter outro nome em formiguês...
Bem, como nunca achávamos formigas mortas...
Eu era artesã. Fazia as cruzes de palitos de fósforo. Mas matava também, fazendo bolinha delas com os dedos, ou amassando seus corpinhos compra a areia do chão.
Quando chegava a hora da missa, iam nos chamar.
Como eu gostava quando o frei fazia coro com a gente: lado direito e lado esquerdo da igreja.
"Eis o Pão da vida. Eis o pão do céu. Que alimenta ao homem, em marcha para Deus", tudo cantado em duas vozes!
Ainda me emociono.
Hoje pulo as formigas quando as vejo. Ando sem matar nenhuma!
Mas não tenho vergonha de contar o que fiz quando era criança. Só um tiquinho.
Continuo em marcha...

terça-feira, 16 de junho de 2015

III Festa Literária de Duque de Caxias - Gratidão

Hoje vi gente do governo, gente que já foi governo, gente que quer ser... Gente rica, gente pobre, lavadeira, professora, universitário, mulher do povo... Vi criança no colo de mãe, criança vendendo bala, porque não tem colo nem mãe... Homem sóbrio, homem bêbado... Gente de todo modo, rindo, juntas! Rindo de palhaçadaria cheia de MPB! Vi gente entrando em sala de leitura carregando salsichão de festa junina. Caipirinha desfilando em bandeja improvisada ao lado de gente declamando poesia.
Tudo isso no meio da rua!
Hoje vi minha cidade em festa. E festa LITERÁRIA!
Pelo terceiro ano consecutivo, por esta época, chego em casa domingo, depois de ter lido, ouvido e falado sobre livros e leituras por quatro dias, cheia de energia das boas.
Nestes três anos, centenas, milhares de pessoas que não leem por zilhões de motivos, veem e ouvem livros, autores, ilustradores, atores, literatura entregue à cidade, de graça, no meio da praça!
Três anos consecutivos é uma vitória! É para fazer história. História para e pelo povo. Na rua mesmo, onde a leitura deve estar. Ao alcance das mãos! Leitura literária misturada com festa religiosa, como somente Duque de Caxias ousaria fazer. Porque aqui pode tudo, so não valia mais tanta gente fazendo tanto, sozinha... Agora somos mais fortes, porque sabemos que somos muitos!
Estou feliz, muito feliz por estar junto em mais esta história.
Que venham mais e mais anos de Festa Literária de Duque de Caxias!
Obrigada por acreditar que era possível e realizar sem medir esforçosAntonio Carlos de Oliveira.
Parabéns pela ousadia Tatyane Lima.


Postado em www.facebook.com/helleniceferreira em 14 de junho de 2015, às 22:56

Sobre nascimentos

Fui estudar a Doutrina Espírita aos dezesseis anos, mas em reencarnação eu sempre acreditei. Ninguém me ensinou. Nasci assim: vendo a pluralidade das existências como um fato.
Por isso minha madrinha não quis me crismar...
Compreendo.
Na Doutrina aprendi que Allan Kardec era, na verdade, o pseudônimo de um estudioso chamado Hippolyte Léon Denizard Rival. Que é possível comunicação inteligível com o outro plano de vida. Como podemos doar energia a quem precisa através de imposição de mãos. Que a metempsicose não seria uma possibilidade lógica. Um montão de coisas com as quais concordei. Até ministrei palestras!
(Metempsicose é poder nascer humano, depois bichinho, depois humano, depois bichinho, fácil assim, sem conflito, sem crise)
Uma noite, eu sai de casa para comprar água mineral - essa coisa doida da nossa época - e vi uma gata preta, pretinha, tentando entrar na casa da minha irmã.
Levei um papo com ela:
- Ih, 'cê tá entrando na casa errada...
Ela parou de tentar e me olhou.
- Você quer ajuda? Ih, você tá esperando filhote! Você quer ajuda para ter seus filhotes? Peraí que vou comprar água e te pego.
Ela sentou. Depois, talvez descrente, foi andar.
Quando voltei com a água, vi meninos grandes judiando dela.
- Ô, vocês não têm vergonha não? A bichinha tá grávida! Cruzes. Que maldade!
Enquanto eu falava, ela se embarafustou pra outra casa, ligeira.
Entrei na minha, lavei e guardei a garrafa e sai para procura-la.
Demorei a encontrar. Mas ela veio. Dócil. Entrou na minha casa e nunca mais saiu! Só reclamou porque a deixei no box, longe dos outros. Depois, integrada, nunca mais reclamou. A casa hoje é sua. E ela a habita com poesia.
No dia do parto de seus filhinhos, Noite Preta - como a batizei - subiu pela primeira vez na minha cama. Roçou a cabeça no meu pescoço e cobrou a ajuda que prometi...
Fiz o parto. E como me orgulho disso!
Duas fêmeas se ajudando.
Hoje rezo o terço. Assumo que sou filha de Oxum. E ainda acredito em muitas coisas que estudei aos dezesseis anos.
Mas, de verdade...
Quando Noite Preta me olha, desconfio que saiba como vou renascer... Desconfio. Afinal, tenho apenas quarenta e cinco anos. Sou nova demais pra saber dessas coisas...


Postado em www.facebook.com/helleniceferreira em 16 de junho de 2015, às 20:14